24 de jun. de 2012

Álbuns Clássicos - SERGIO SAMPAIO 1973


Houve um tempo em que as coisas não eram muito claras mesmo para as cabeças mais arejadas daqui da nossa terra brasilis. Eram tempos radicais...
Os anos 70 foram pródigos em posturas extremas. Havia uma ditadura militar assassina e sufocante que apertava o cerco de todas as liberdades individuais, coletivas e lutava ferozmente contra qualquer assopro mais humano que não vestisse coturno. Claro que isso teve reflexos na musica da época. Mas foram ótimos...
Como disse Danilo Caymmi “Se você tirasse os anos 70 da história da musica popular brasileira ela seria genial como é mas, com certeza muita gente boa faria falta..”. Sim caro leitor; Dentro de toda aquela vanguarda musical havia nomes como Jards Macalé, Walter Franco, Jorge Mautner, Luiz Melodia e mais outros tantos músicos com uma obra que se recusava peremptoriamente a fazer parte do estabilishment, da via de regra, do “coro dos contentes”. Tinham uma postura forte sobre os temas, sobre a situaçõ politica, sobre as condições do trabalho do artista no Brasil.
Aeeeee surge o mercadão burro e preguiçoso. E também muito canalha... Esse mercadão então inventa de criar um rótulo para essa rapaziada e os chama de “malditos” para assim, demarcar um espaço para esses caras ficarem dentro da engrenagem. E o espaço dedicado era o limbo. Não tocavam em rádio, não frequentava programas de tv, não tinham acesso a grandes gravadoras, nada! Muita da ótima produção daquela época demorou 20, 30 anos para que o grande público descobrisse essas obras. Tudo porque um bando de babacas resolveu criar um rótulo e mais outro bando de idiotas decidiu acreditar! Pois bem; Hoje Albuns Classicos vem aqui para fazer uma justa homenagem para um desses caras abençoados e uma grande obra sua...
Senhouras e senhoures com vocês, SERGIO SAMPAIO e seu album homônimo de estréia de 1973.
Nascido no ano da graça de 1947 na mesma Cachoeiro do Itapemirim de Roberto Carlos, Sergio era por lá um moleque que vivia a ler livros do Kafka e do Augusto dos Anjos (Duas fortes influencias em sua poesia...) a ouvir muito rádio na compania de seu pai, o tamanqueiro Raul Gonçalves Sampaio e a flertar com musica desde sempre. Aos 16 anos compunha freneticamente e não perdia sequer meia chance que tinha para mostrar seu trabalho. Ávido pela vida artistica, ruma para o Rio De Janeiro em 1967 para tentar a sorte por lá. Mas no começo, não teve muita não...
Pastou pelo Rio! Dormiu em pensões baratas, na casa dos amigos, na rua! Chegou a mendigar um rango mas nunca desistiu de lutar pelo seu trabalho. A coisa muda de figura em 1972 quando ele conhece um produtor musical da gravadora CBS de nome Raul Seixas. Pois é...
Raulzito já tinha ouvido falar do rapaz após ve-lo em algumas seletivas do Festival Internacional da Canção. Em uma delas, ele estoura com a marcha rancho EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA. Raulzito então lhe quebra grande galho e o contrata. Estréia por lá compondo para artistas como Trio Ternura, Erasmo Carlos e depois participando do disco SOCIEDADE DA GRÃ-ORDEM CAVERNISTA APRESENTA SESSÃO DAS DEZ de Raulzito e nesse trabalho prepara terreno para nosso disco de hoje aqui.
Produzido por Raul Seixas, o disco de estréia de Sérgio chega em 1973 lançado pela Philips lotado de ótimas músicas como o sucessão EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA, com o rockão FILME DE TERROR, com momentos delicadissimos graças a balada LEROS E BOLEROS, com o samba delicioso CALA A BOCA ZEBEDEU, com toda poesia refinada de POBRE MEU PAI e mais outras pérolas musicais que hoje sem duvida alguma eternizam esse discaço como Classico da nossa Musica Brazuca.
Ae la vem o mercadão... Segundo eles, eu teria que dizer que o “O disco foi um fracasso porque não vendeu...” Mas como aqui, quem manda sou eu, o mercado que va pra casa do caralho! O disco é sensacional! Depois dele, Sergio ainda gravou pelo menos uma outra grande maravilha em 1975 que é o disco “Tem que Acontecer” e bem... Depois dae umas coisas não deram muito certo para ele. Só que aqui em Albuns Classicos a gente gosta de focar a obra, o trabalho, a real grandeza do artista e essa deu muito certo sim.
Uma vez perguntaram pro Jards Macalé “Macau, o que é Maldito?” no que o mestre respondeu: “MALDITO É A SUA MÃE! É A PUTA QUE TE PARIU!” Pois bem...
A gente num ta nem ae pra rótulo, para regra, pra porra nenhuma disso. Sergio Sampaio para nós é uma benção, um grande, um baita musico, cantor, compositor, artista completo e isso que vamos deixar aqui para os senhoures. Vai o linkão ae para baixar a mandinga e no player vamos com o rockão FILME DE TERROR e ae vocês já sabem:
Tasca o player ae e perigas ver...



experimenta um tiquinho... 

16 de jun. de 2012

Álbuns Clássicos - FEMININA - Joyce


Ao ver aquela senhora muito linda e muito distinta caminhando pelo aeroporto do Rio De Janeiro não resisti; Eu tinha que ir até lá falar com ela! Afinal de contas, desde minha infancia, alí com meus tenros 11 anos de idade que sempre fui apaixonado por aquela mulher. Uma morena de lindos cabelos pretos, olhos claros, ótima cantora, compositora e violonista...

Fui determinado!

Sabia que tinha milhões de coisas para dizer, mil perguntas a fazer e quem sabe, até tomar um café. Cheguei perto. Chamei desesperadamente a linda senhora:

Joyce, Joyce, Joyce!!

Um tanto assustada (Claro né??!) mas muito solicita ela parou. E então, com aqueles olhos de jade me disse:

Pois não...”

Que linda voz! A mesma que cantou Feminina, Clareana, Revendo Amigos... Foi o melhor “pois não” que ouvi em toda minha vida! Um filme me passou na cabeça. Lembrei do quanto eu ficava olhando aquela capa de disco de minha prima Marlene, do encanto que foi ver aquela mulher no tal do MPB Shell, na importancia que era estar ali diante daquela mulher. Tentei falar mas travei! A única coisa que saiu foi um patético...

Dona Joyce... Eu sempre amei a senhora...” - QUE RIDICULO EU!! Ainda assim ela, compreensiva, carinhosa, deu um riso de acalanto e me respondeu:

Ah que ótimo! Muito obrigada, moço!”

Se despediu e eu também, cheio de vergonha! Ma ae, pensando nisso tudo em uma ponte aérea interminável, decidi vir aqui contar a vocês a história desse disco da moça que tanto me encanta a tanto tempo e com certeza, seguira encantando.

Senhouras e Senhoures com vocês FEMININA, disco de 1980 da maravilhosa cantora Joyce.

Nascida Joyce Silveira Moreno, no ano da graça de 1948, nossa moça aqui é mais carioca que o Cristo Redentor.

Cria classica do posto seis de Copacabana, Joyce começa se interessar por musica, de tanto que viu o seu mano, guitarrista, bancário, advogado, flertando ali umas notas com seus amigos Eumir Deodato, Roberto Menescal, Luiz Carlos Vinhas e outras tantas feras. Ela gostou da coisa. Tanto que aos 16 já estréia em estudio participando da gravina do grupo Sambacana. Dae a coisa vai de vez...

Dividindo sua paixão pela musica, com seu trampo de jornalista, recém formada na redação dos Jornal do Brasil de 1967 (Sonho e meca para qualquer jornalista...) ela consegue implacar uma musica sua “Me Disseram”, o que deixou o terrendo propicio para sua estréia em Lp com seu seminal disco “Joyce” de 1968. Uma maravilha de disco que traz joyce definitivamente para o Mercado musical de então. E ela seguiu bem ao longo dos anos 70.

Participa de vários projetos com Novelli, Toninho horta, Nana Vasconcelos, compõe muito, segue seus estudos de violão, grava em 1973 um discaaaaaaaçoooooo com Nelson Angelo, depois da um tempo para cuidar de suas duas meninas Clara e Ana até 1975. Na volta cai na estrada com Vincius de Moraes em uma turne pela América Latina, grava um disco internacional (Natureza, em 1977) com Mauricio Maestro, arranjos de Claus Orgemann que da tão certo, que gera uma turnê por Nova York de seis meses onde acontece algo muito importante para nosso disco de hoje...

Foi la que ela conhece o baterista Tutty Moreno, lendááário batera que tanto tempo havia ficado com Gilberto Gil e que, radicado por lá, bobo que não é, trata de se apaixonar e casar com a nossa Cantora. Da relação vem Mariana em 1979, inicia ali uma parceria musical fodastica e tudo isso torna aquele ano algo mágico; Filha nova, composições gravadas por todo gente como Elis Regina, Maria Bethania, Boca Livre, Nana Caymmi e um contrato com a EMI-Odeon para a gravação de um disco. Surge então em 1980 o lindo “FEMININA”...

Contando com um time formado por feras como Fernando Leporace no Baixo, Gilson Peranzetta no piano e nos arranjos junto com Mario Adnet com Joyce nos violões e Tutty Moreno arrebentando tudo na bateria, começa as gravações do disco. Uma preciosidade que conta com uns hinos como a faixa título FEMININA, com a musica de ninar que ela cantava para as duas filhas Clara e Ana, que virou CLAREANA um baita sucessão de rádio que apresenta Joyce para o povão, além de outras tantas coisas lindas e singelas como REVENDO AMIGOS, CORAÇÃO DE CRIANÇA, a instrumental ALDEIA DE OGUM que leva Joyce à noite hype européia já nos anos 90, uma dádiva de trabalho.

Em 2010, o disco FEMININA ganha uma luxuosa edição de 30 anos, cheia de extras, encartes e outras maravilhas. Mesmo tento a cousa aqui, jamais ela vai superar a alegria e o encanto que sinto com meu velho disco de 1980, herdado de pai, tia, primas e afins.

Afinal de contas, nada pode ser mais lindo que um amor de menino...

Segue abaixo ae no player FEMININA e o linkão por ae para todo mundo baixar a mandinga. Ae é com vocês e já sabem...

Tasca o player e perigas ver!!



experimenta um tiquinho:

9 de jun. de 2012

Álbuns Clássicos - EMBALO - Tenório Jr.


Em 1998 eu dei la uma bela de uma radicalizada:

Só ouvia funk, soul e umas coisas obscuras de samba rock. Numa dessas o amigo Zé Renato, musico dos bom mesmo, em meio a umas cervejas Serra Malte que há época eu bebia em larga profusão me falou:

Você deveria ouvir mais o nosso samba-jazz aqui, Marcelo. Vou te emprestar umas coisas...”

Pra falar a verdade no dia, eu tava muito bebado e nem dei atenção. Aeee no outro dia, quando o encontrei novamente na esbórnia ele me trouxe uma bolachona. Perguntei:

Que é isso ae Zé??”

Isso é Tenório Jr. Ouve lá e depois você me fala”

Falei! E hoje vou falar pra todo mundo aqui em Albuns Classicos...

Senhouras e senhoures com vocês, EMBALO, disco de 1964 do graaaaandeee Tenório Jr.

Amigo leitor, infelizmente a vida de Tenório Jr. Foi curta e atribulada não por culpa dele mas enfim....

Francisco Tenório Jr. Nasceu em 1943 no Rio De Janeiro, cria classica das Laranjeiras. Por la começa seus estudos de piano para se tornar uma dos maiores musicos do Brasil, um dos mais influentes da história da bossa nova. Bem molequinho, começa a frequentar o Beco das Garrafas em Copacabana e ali conhece a fina flor do que viria a ser o Samba Jazz. Junto com Milton Banana e o baixista Zezinho, montam o trio do batera e então seu piano passa a ser requisitado por todo mundo.

Em 1963, dividia seu tempo entre os estudos na Faculdade de Medicina e as participações que fazia em gravações de grupos seminais como Os Cobras, Edison Machado e outras tantas feras. Chama atenção da gravadora Elenco e por ela é convidado para gravar o disco hoje em questão.

No começo de 1964, ele consegue reunir as feras Sérgio Barroso (baixo), Milton Banana (bateria) Rubens Bassini (congas), Celso Brando (violão)Neco (guitarra) Pedro Paulo e Maurílio (trompete), Edson Maciel e Raul de Souza (trombone), Paulo Moura (sax alto), J. T. Meirelles e Hector Costita (sax tenor) e entra no estudio para começar compor EMBALO. Que espetáculo!

Para sua estréia, Tenório compõe canções espetaculares como a faixa-título Embalo e outras pérolas como “Nebulosa”, “Samadhi”, “Néctar” e “Estou Nessa Agora”, Além da sacolejante “Carnaval sem Assunto”, do seu parceiro Zezinho que encerra o álbum. Um espetaculo de disco! Com ele, Tenórinho, como era chamado pelos amigos, muda de status definitivamente no meio musical. Passa a ser uma referencia no que se perpetuou por aqui como Samba jazz. Seguiu sua vida de maneira tranquila e produtiva até o ano da tragédia em 1976...

Durante uma turnê pela Argentina, quando acompanhava Vinicius de Moraes e Toquinho, Tenório desaparece. Do nada! Simplesmente some! Diversas buscas, esforços e nada... Evaporou o musico. Ninguem sabia absolutamente nada sobre o ocorrido. A coisa seguiu assim até 1986, 10 anos depois, quando pousa por aqui uma porra de uma ave de rapina, um desgraçado ae, tal de Claudio Vallejos que não é nada porque é um ex torturador da diatadura argentina. Em uma entrevista dada a Revista Senhor, o desgraçado revela que sabia que Tenórinho, durante um passeio pela cidade foi abordado por uma patrulha do Regime Militar Argentino e por ela, detido. A partir dae ficou-se sabendo de tudo...

Tenório foi sequestrado. Durante 14 dias foi barbaramente torturado e em seguida, executado com um tiro na cabeça. Ele tinha tinha 33 anos e deixou quatro filhos e a esposa grávida de oito meses. Após o desaparecimento de Tenório Jr. o cineasta Rogério Lima produziu um curta chamado Balada para Tenório. Com a entrevista do safado torturador em 1986 uma produtora de São Paulo juntamente com Rogério Lima conseguiram gravar seu depoimento que foi usado como base para o documentário em vídeo "TENÓRIO JR.?", que conta a tragédia ocorrida com este músico. Vallejos, denunciado por grupos de defesa de direitos humanos foi preso logo após a entrevista, expulso daqui tres meses depois e espero que ele esteja agora queimando no marmore do capeta, vagando entre o inferno e a casa do caralho! Enfim...
Esse documentário foi atualizado e apresentado pela Tv Cultura ano passado. O filme Bossa Nova de 2006 faz la uma menção a Tenórinho através do personagem de Rodrigo Santoro. Alem disso rola um projeto do cineasta Espanhol Fernando Trueba para produzir longa metragem sobre o caso que envolve Tenório Jr.



Aqui em Albuns Classicos os amigos terão a chance de conhecer o musico espetacular que foi Tenório Jr com a sensacional EMBALO ae no player abaixo. De presente ae pelas capas vai o linkão e agora já sabem qualé...



Tasca o player ae e perigas ver!


 Experimenta um tiquinho...





4 de jun. de 2012

A Caixa do Homi...


Eu já tive aquela fase de entrar nas lojas de discos e ter tremores pelo corpo todo ao ver esse ou aquele bolachão. Era uma época de dureza pra caraio, invariavelmente eu não conseguia ter esses discos mas o legal talvez seja exatamente esse...

Eu devo a essa fissura, o gosto pela musica, pelo disco, por todas esas coisas. Ae a gente acha que mudou e que nada...

Dando um rolê hoje por uma loja de cd's daquelas nojentamente limpas, climatizadas, com vendedora que manja mais de escova e reboco de passar na cara do que musica, no Itaim me deparei com um lance que me fez voltar a ter esses tremores.

Trata-se do recém chegado box set THE PLATINUM COLLECTION do mestre SOLOMON BURKE e como eu amo esse homem...

Solomon nasceu na Filadelfia no ano da graça de 1940. Por lá cresceu e começou a dar suas primeiras sapatadas musicais pelas igrejas onde sua familia frequentava, e onde seu pai, o senhor Howard, um baita negão de 2 metros de altura e 140 quilos, era Pastor. Negão brabo!

Organista dos bons, cantor sensacional, Reverendo Howard fazia a familia toda ir para os cultos, orar, limpar a ingreja e tudo mais. O menino Solomon ia sim mas se interessava muito mais pelo coral do que pela causa religiosa em si. Desde molequinho mostrou talento pela coisa e ali mesmo começa a sua carreira de cantor. Sai de lá para gravar aos 15 anos de idade em 1955 e nunca mais volta.

Solomon passa a construir a história de um homem que foi um dos mais influentes musicos do século XX. O Cara que introduziu o Gospel no Soul, que influenciou muita gente, que era admirado por uns caras como Ray Charles assim... Só Ray né??

Ae vi la o tal Box Set; Uma caixa com 24 cd's, encarte lindo, camisa, biografia e o caraio a quatro! Para quem ta com peito e bolso, custa a bagatela de 890 reais a cousa toda, logo não comprei. Ahhh mas hoje tem a net!!!!

Uma boa revirada minha com muitcha fúria e sangue no zóio por não ter a cousa e achei a danada aqui pra baixar! Segue abaixo ae os links, a discografia e um tiquinho do Solomon para quem quiser saber lo que vai ouvir.

Baixe os Santos...


Tasca o Play pra ver o “criippp” do homi ae!!





1962 - Solomon Burke's Greatest Hits, Atlantic - 320 kbps; 28:52
1964 - Rock 'n Soul, Atlantic - 320 kbps; 34:56
1965 - The Best of Solomon Burke, Atlantic - 320 kbps; 54:11
1971 - Electronic Magnetism, MGM Records - 232-373 kbps; 40:34
1972 - We're Almost Home, MGM Records - 235-257 kbps; 36:52
1974 - I Have A Dream, Dunhill - 234-251 kbps; 34:56
1975 - Music To Make Love By, Chess - 320 kbps; 35:04
1979 - Sidewalks, Fences And Walls, Infinity Records - 320 kbps; 35:12
1990 - Home Land, Bizzare/Straight - 320 kbps; 41:39
1992 - Home In Your Heart: The Best Of Solomon Burke (2CD), Rhino - 320 kbps; 1:54:58
1993 - Soul Of The Blues, Black Top - 320 kbps; 54:04
1994 - Live At The House Of Blues, Black Top - 320 kbps; 1:11:13
1998 - King of Rock 'n' Soul, Wea International - 192 kbps, 45:51
1998 - The Very Best of Solomon Burke, Rhino - 320 kbps; 46:02
2000 - Proud Mary: The Bell Sessions, Sundazed Music Inc. - 101-207 kbps; 49:46
2002 - Don't Give Up on Me, Fat Possum - 320 kbps; 51:33
2003 - Live At North Sea Jazz - 205-233 kbps; 1:09:16
2005 - Make Do With What You Got, Shout! Factory - 168-224 kbps; 44:12
2006 - The Chess Collection, Chess - 320 kbps, 1:19:30
2006 - The Definitive Soul Collection (2CD), Rhino - 109-198 kbps, 1:31:24
2007 - The Platinum Collection, Warner Music/Rhino - 320 kbps; 62:23
2008 - Like A Fire, Shout! Factory - 320 kbps; 39:10
2008 - RTE3 Auditorium, Lugano, Swi, 2CD Live at Dec. 5th 2008 - 175-211 kbps; 1:44:05
2008 - This Is It, Shout! Factory - 320 kbps, 41:01

3 de jun. de 2012

Álbuns Clássicos - FEITO EM CASA - Antonio Adolfo


Vira e mexe eu me pego aqui falando da Banca Rebel Music de Santo André. Um Sebo, uma banca mesmo... Dos meus amigos Tonho e Chico. E se eu escreve 500 laudas falando da importancia desse espaço seria pouco!

Em uma época em que não existia informação, grana e muito menos conhecimento, esses dois irmão eram um oásis no meio do oceano de nada que era Santo André. Jamais sonegaram nada; Paciencia, educação, amizade, gentileza, compreensão e informação.

Assim como eu que cheguei por alá em 1991, outros tantos caras, uma geração toda se formou ali com esses caras que conheciam absolutamente tudo de musica. Eu passava tardes inteiras ali falando com eles e nessas prosas sempre aparecia uma parada nova. Numa dessas apareceu o disco que será comentado aqui em ALBUNS CLASSICOS:

Senhouras e senhoures, com vocês FEITO EM CASA de 1977, por Antonio Adolfo...

Era um dia de semana e cheguei na banca meio que hipnotizado por um som quebrado, suingadão que Tonho ouvia ainda na velha Pickup:

Porra que quebradeira fantastica! Que é isso ae Toinho??”

Ele deu aquele riso sábio e mandou:

Isso é um musico carioca dos anos 60 e 70, Marcelo. Chama Antonio Adolfo...”

Hummm... muito foda Tonho! Das antiga né?”

É então...”

E então começava mais uma aula. Mas eu vou ser eternamente grato ao Tonho... Foi ele que me ensinou:

Antonio Adolfo é de fina estirpe; Sua mãe era violinista da chiquetésima Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Por lá, ainda menino começa a dar suas primeiras sapatadas musicais. E em meio a fagotes, violinos, violoncelos e maestros o menino se apaixonou pelo piano. Subiu em cima dele e aprendeu demais, tanto que aos 16 anos já era solicitado musico do fechado clube da bossa nova. Por lá, pegou uns contatos e passa a tocar em umas boates de jazz de ipanema e cercanias. Ae surge o primeiro grande contato...

Apaixonado pelo virtuosismo do menino, Vinicius de Moraes o convida para montar um grupo, o Trio 3-D para participar do musical “Pobre Menina Rica” de 1964. No meio disso tudo em 1968 arrebenta a boca do burro com o sucessão “Sá Marina” além de conhecer Tibério Gaspar e passa a trocar idéias com o parceiro que vão acabar em “Juliana”, musica a ser interpretada por outro grupo seu que da muito certo, a psicodélica Brazuca. Eis que chega o segundo grande contato:

A partir de 1969 a Deusa Maysa passa a lhe dar grande força ao chama-lo para assinar os arranjos de seu disco homonimo daquele mesmo ano, o sensacional Maysa onde ele emplaca quatro canções cantadas pela Diva. No ano seguinte a consagração ao lado do parceiro Tibério Gaspar:

Na fase nacional do V Festival Internacional da Canção, Tony Tornado bota o o maracanãzinho abaixo ao som de BR-3. Um baita soul, com apoio do Trio Esperança nos backing vocals. Vitória aclamadora! Pinta uma grana e então Tibério decide picar a mula para os EUA, onde estuda jazz, toca e pensa em um projeto seu. Quando volta em 1977 chega a hora de meter a mão na massa.

Com o tempo vivido nos EUA Antonio passa a ter uma nova visão da industria fonográfica, do mundo do espetáculo e do negócio da música, Se grila muito com o esquemão das gravadoras e saca que seu projeto de muita qualidade, muito pessoal e muito caprichado não terá espaço no varejão musical das majors. Então decide ter uma idéia ousadissima para época:

Lançar o seu disco de maneira independente. Veja bem, caro leitor; Estou falando em lançar um disco independente no Brasil de 1977!! Pois bem...

Munido de um espirito empreendedor, Antonio corre atras de um estudio que será o Estudio de Gravações da Arquidiocese do Rio De Janeiro. Preço bão, pertinho, os padres todos bonzinhos... Foi lá mesmo! Ae monta a banda.

MA QUE PUUUUUUUUTAAAAAAAAA BANDA!


Rubinho – bateria, Jamil Joanes e Luizão Maia – baixo, Luiz Claudio Ramos – guitarra, Márcio Montarroyoios – trompete, Oberdan Magalhães – sax, Danilo Caymmi e Franklin – flauta, Suzana, Luna e Marcio lott – vocais, Ariovaldo – percussão e as cantoras Joyce e Malú.

Só feras! Ae num tem como dar errado.

O disco é um espetaculo com musicas divinas como a faixa titulo FEITO EM CASA que já abre o disco botando todo mundo pra levantar da cadeira. Um samba soul sacolejante e irresistivel. Passa pelo doce de voz de Joyce em ACALANTO, arrebenta com o solo de pinao de Antonio Adolfo em CHICKOTE, uma homenagem dele ao amigo Chick Corea, um arrebento de inovações com metais em ataques intermitentes e lindos. Um disco perfeito. Ae veio a parte suada da coisa...



Como já previsto pelo Maestro Antonio, ninguem, nenhuma radio quis tocar a parada. Mas sem crise; O Homem pegou as bolachas, o talão de notas fiscais e caiu em campo para negociar diretamente seu produto com lojistas, com as radios mais descoladas, com produtores, fonogramas, direitos autorais e tudo mais. Não da pra dizer que foi um sucesso de vendas e tudo mais e nem é o mais importante.

Antonio Adolfo consegiu vender 3000 mil cópias. Se fosse numa major da época provavelmente, teria a mesma vendagem e não ganharia um puto. Com feito em casa lançado pelo seu selo o Artezanal, o maestro conseguiu pagar todo mundo, divulgar seu trabalho, fazer uma rapa de shows e ainda ganahr uns caraminguá justos para comprar um fusquinha decente. O resto é história...

FEITO EM CASA é um disco raro, disputado a tapa, porrada, beliscão e rabo de arraia pelo mundo afora. Em um sebo de Londres, ou em uma feira em Piccadily Circus ele não custa menos de 100 euros. Azar de quem ta por lá e não tem a Banca do Tonho...

Hoje, vamos deixar com vocês a musica FEITO EM CASA para dar um gostinho da cousa. O presente ta nas capas ae, quem quiser só clicar nelas.

No player ae embaxo, só tascar o player e perigas ver. Bora lá!



Tasca o play: