24 de jun. de 2012

Álbuns Clássicos - SERGIO SAMPAIO 1973


Houve um tempo em que as coisas não eram muito claras mesmo para as cabeças mais arejadas daqui da nossa terra brasilis. Eram tempos radicais...
Os anos 70 foram pródigos em posturas extremas. Havia uma ditadura militar assassina e sufocante que apertava o cerco de todas as liberdades individuais, coletivas e lutava ferozmente contra qualquer assopro mais humano que não vestisse coturno. Claro que isso teve reflexos na musica da época. Mas foram ótimos...
Como disse Danilo Caymmi “Se você tirasse os anos 70 da história da musica popular brasileira ela seria genial como é mas, com certeza muita gente boa faria falta..”. Sim caro leitor; Dentro de toda aquela vanguarda musical havia nomes como Jards Macalé, Walter Franco, Jorge Mautner, Luiz Melodia e mais outros tantos músicos com uma obra que se recusava peremptoriamente a fazer parte do estabilishment, da via de regra, do “coro dos contentes”. Tinham uma postura forte sobre os temas, sobre a situaçõ politica, sobre as condições do trabalho do artista no Brasil.
Aeeeee surge o mercadão burro e preguiçoso. E também muito canalha... Esse mercadão então inventa de criar um rótulo para essa rapaziada e os chama de “malditos” para assim, demarcar um espaço para esses caras ficarem dentro da engrenagem. E o espaço dedicado era o limbo. Não tocavam em rádio, não frequentava programas de tv, não tinham acesso a grandes gravadoras, nada! Muita da ótima produção daquela época demorou 20, 30 anos para que o grande público descobrisse essas obras. Tudo porque um bando de babacas resolveu criar um rótulo e mais outro bando de idiotas decidiu acreditar! Pois bem; Hoje Albuns Classicos vem aqui para fazer uma justa homenagem para um desses caras abençoados e uma grande obra sua...
Senhouras e senhoures com vocês, SERGIO SAMPAIO e seu album homônimo de estréia de 1973.
Nascido no ano da graça de 1947 na mesma Cachoeiro do Itapemirim de Roberto Carlos, Sergio era por lá um moleque que vivia a ler livros do Kafka e do Augusto dos Anjos (Duas fortes influencias em sua poesia...) a ouvir muito rádio na compania de seu pai, o tamanqueiro Raul Gonçalves Sampaio e a flertar com musica desde sempre. Aos 16 anos compunha freneticamente e não perdia sequer meia chance que tinha para mostrar seu trabalho. Ávido pela vida artistica, ruma para o Rio De Janeiro em 1967 para tentar a sorte por lá. Mas no começo, não teve muita não...
Pastou pelo Rio! Dormiu em pensões baratas, na casa dos amigos, na rua! Chegou a mendigar um rango mas nunca desistiu de lutar pelo seu trabalho. A coisa muda de figura em 1972 quando ele conhece um produtor musical da gravadora CBS de nome Raul Seixas. Pois é...
Raulzito já tinha ouvido falar do rapaz após ve-lo em algumas seletivas do Festival Internacional da Canção. Em uma delas, ele estoura com a marcha rancho EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA. Raulzito então lhe quebra grande galho e o contrata. Estréia por lá compondo para artistas como Trio Ternura, Erasmo Carlos e depois participando do disco SOCIEDADE DA GRÃ-ORDEM CAVERNISTA APRESENTA SESSÃO DAS DEZ de Raulzito e nesse trabalho prepara terreno para nosso disco de hoje aqui.
Produzido por Raul Seixas, o disco de estréia de Sérgio chega em 1973 lançado pela Philips lotado de ótimas músicas como o sucessão EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA, com o rockão FILME DE TERROR, com momentos delicadissimos graças a balada LEROS E BOLEROS, com o samba delicioso CALA A BOCA ZEBEDEU, com toda poesia refinada de POBRE MEU PAI e mais outras pérolas musicais que hoje sem duvida alguma eternizam esse discaço como Classico da nossa Musica Brazuca.
Ae la vem o mercadão... Segundo eles, eu teria que dizer que o “O disco foi um fracasso porque não vendeu...” Mas como aqui, quem manda sou eu, o mercado que va pra casa do caralho! O disco é sensacional! Depois dele, Sergio ainda gravou pelo menos uma outra grande maravilha em 1975 que é o disco “Tem que Acontecer” e bem... Depois dae umas coisas não deram muito certo para ele. Só que aqui em Albuns Classicos a gente gosta de focar a obra, o trabalho, a real grandeza do artista e essa deu muito certo sim.
Uma vez perguntaram pro Jards Macalé “Macau, o que é Maldito?” no que o mestre respondeu: “MALDITO É A SUA MÃE! É A PUTA QUE TE PARIU!” Pois bem...
A gente num ta nem ae pra rótulo, para regra, pra porra nenhuma disso. Sergio Sampaio para nós é uma benção, um grande, um baita musico, cantor, compositor, artista completo e isso que vamos deixar aqui para os senhoures. Vai o linkão ae para baixar a mandinga e no player vamos com o rockão FILME DE TERROR e ae vocês já sabem:
Tasca o player ae e perigas ver...



experimenta um tiquinho... 

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