Houve um
tempo em que as coisas não eram muito claras mesmo para as cabeças
mais arejadas daqui da nossa terra brasilis. Eram tempos radicais...
Os anos 70
foram pródigos em posturas extremas. Havia uma ditadura militar
assassina e sufocante que apertava o cerco de todas as liberdades
individuais, coletivas e lutava ferozmente contra qualquer assopro
mais humano que não vestisse coturno. Claro que isso teve reflexos
na musica da época. Mas foram ótimos...
Como disse
Danilo Caymmi “Se
você tirasse os anos 70 da história da musica popular brasileira
ela seria genial como é mas, com certeza muita gente boa faria
falta..”. Sim
caro leitor; Dentro de toda aquela vanguarda musical havia nomes como
Jards Macalé, Walter Franco, Jorge Mautner, Luiz Melodia e mais
outros tantos músicos com uma obra que se recusava peremptoriamente
a fazer parte do estabilishment, da via de regra, do “coro dos
contentes”. Tinham uma postura forte sobre os temas, sobre a
situaçõ politica, sobre as condições do trabalho do artista no
Brasil.
Aeeeee surge
o mercadão burro e preguiçoso. E também muito canalha... Esse
mercadão então inventa de criar um rótulo para essa rapaziada e os
chama de “malditos” para assim, demarcar um espaço para esses
caras ficarem dentro da engrenagem. E o espaço dedicado era o limbo.
Não tocavam em rádio, não frequentava programas de tv, não tinham
acesso a grandes gravadoras, nada! Muita da ótima produção daquela
época demorou 20, 30 anos para que o grande público descobrisse
essas obras. Tudo porque um bando de babacas resolveu criar um rótulo
e mais outro bando de idiotas decidiu acreditar! Pois bem; Hoje
Albuns Classicos vem aqui para fazer uma justa homenagem para um
desses caras abençoados e uma grande obra sua...
Senhouras e
senhoures com vocês, SERGIO
SAMPAIO e seu album
homônimo de estréia de 1973.
Nascido no
ano da graça de 1947 na mesma Cachoeiro do Itapemirim de Roberto
Carlos, Sergio era por lá um moleque que vivia a ler livros do Kafka
e do Augusto dos Anjos (Duas
fortes influencias em sua poesia...)
a ouvir muito rádio na compania de seu pai, o tamanqueiro Raul
Gonçalves Sampaio e a flertar com musica desde sempre. Aos 16 anos
compunha freneticamente e não perdia sequer meia chance que tinha
para mostrar seu trabalho. Ávido pela vida artistica, ruma para o
Rio De Janeiro em 1967 para tentar a sorte por lá. Mas no começo,
não teve muita não...
Pastou pelo
Rio! Dormiu em pensões baratas, na casa dos amigos, na rua! Chegou a
mendigar um rango mas nunca desistiu de lutar pelo seu trabalho. A
coisa muda de figura em 1972 quando ele conhece um produtor musical
da gravadora CBS de nome Raul Seixas. Pois é...
Raulzito já
tinha ouvido falar do rapaz após ve-lo em algumas seletivas do
Festival Internacional da Canção. Em uma delas, ele estoura com a
marcha rancho EU
QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA.
Raulzito então lhe quebra grande galho e o contrata. Estréia por lá
compondo para artistas como Trio Ternura, Erasmo Carlos e depois
participando do disco SOCIEDADE
DA GRÃ-ORDEM CAVERNISTA APRESENTA SESSÃO DAS DEZ de
Raulzito e nesse trabalho prepara terreno para nosso disco de hoje
aqui.
Produzido por
Raul Seixas, o disco de estréia de Sérgio chega em 1973 lançado
pela Philips lotado de ótimas músicas como o sucessão
EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA,
com o rockão FILME
DE TERROR, com
momentos delicadissimos graças a balada LEROS
E BOLEROS, com
o samba delicioso CALA
A BOCA ZEBEDEU,
com toda poesia refinada de POBRE
MEU PAI e mais
outras pérolas musicais que hoje sem duvida alguma eternizam esse
discaço como Classico da nossa Musica Brazuca.
Ae la vem o
mercadão... Segundo eles, eu teria que dizer que o “O
disco foi um fracasso porque não vendeu...” Mas
como aqui, quem manda sou eu, o mercado que va pra casa do caralho!
O disco é sensacional! Depois dele, Sergio ainda gravou pelo menos
uma outra grande maravilha em 1975 que é o disco “Tem
que Acontecer”
e bem... Depois dae umas coisas não deram muito certo para ele. Só
que aqui em Albuns Classicos a gente gosta de focar a obra, o
trabalho, a real grandeza do artista e essa deu muito certo sim.
Uma vez
perguntaram pro Jards Macalé “Macau,
o que é Maldito?” no
que o mestre respondeu: “MALDITO
É A SUA MÃE! É A PUTA QUE TE PARIU!”
Pois bem...
A gente num
ta nem ae pra rótulo, para regra, pra porra nenhuma disso. Sergio
Sampaio para nós é uma benção, um grande, um baita musico,
cantor, compositor, artista completo e isso que vamos deixar aqui
para os senhoures. Vai o linkão ae para baixar a mandinga e no
player vamos com o rockão FILME
DE TERROR e ae
vocês já sabem: