RENATINHO, O CRAQUE...
Após um sábado pra lá de Lou Reed, fui ressuscitado da cama, domingo de manhã pelos berros no portão de meu amigo Pedrinho.
Pedrinho...
É meu amigo de longa data. O conheci lá pelos idos de 1982 quando o Esquerdinha montou um time no Parque Novo Oratório que ficou conhecido como “A Máquina”. O E.C Nacional Das Nações, tinha no infantil uma equipe poderosa que foi campeã de absolutamente tudo que disputou, inclusive o afamado De Paula Esportes, que passava aos sábados na Tv Gazeta. Só não vencemos o DEFI (Departamento Estadual De Futebol Infantil) porque me lembro que numa decisão na Rua Javari, fomos escandalosamente garfados contra o Juventus e o gosto daquele 1x0 me é amargo até hoje. Aliás, quando eu comandava esse esquadrão, esse negócio de 1x0 era o placar típico dos covardes. Timinhos pífios que faziam um golzinho e depois se postavam os dez jogadores atrás da linha da bola. “Comandava”?? Pois é...
Eu era o camisa 10 daquele time. E naquele domingo, meu parceiro, amigo, meia direita de oficio, Pedrinho, me fez recordar daquela época.
Veio em casa e me chamou para ir ao campo do Nacional para assistir um jogo do time que luta pela 1º divisão da várzea de Santo André ou coisa que o valha. Acordei, joguei uma água na cara e fui para o distrital da Rua América do Sul. Chegando lá encontrei o pulguinha que está há uns 30 anos no clube. Veio logo brincando:
“Fala mascara...”
“ E aí Pulguinha... da um abraço aqui...” – Ele veio e disparou:
“Marcelo eu lembro que você era descarado. Se você soubesse quem usou aquela camisa 10 tua, você nem perto dela chegava...”
Pois é, Pulga. Acontece que nos 11 anos que eu fui dono dela, não apareceu ninguém para me tira-la. Então baixa a bola...”
E todos riram. Emoção. Olhando para aquele campo cuja grama ralada manifestava certo descaso, me lembrei de alguns dos melhores anos da minha vida. Pedrinho lembrava de partidas antológicas nossas e de como o bairro parava para ver aqueles meninos jogaram. Lembrou de um jogo contra o Ipiranga em que metemos um 7x0 nos caras pela decisão do Interligas, das batalhas campais contra o Santo André E.C, que era nosso freguês e vitima predileta e por aí vai. Falamos desses nossos feitos até a hora do jogo contra o Guaraciaba. Foi então que me apresentaram o “craque”.
“Marcelo esse é o Renatinho – Falou-me o Pulguinha – Agora é ele que veste a 10 aqui...”
Veio em minha direção. Garoto alto, 22 anos, bem criado, de chuteiras importadas nos pés, nariz empinado e gestos coreografados. Olhou-me com curiosidade e uma certa desconfiança. Deu-me a mão frouxa e começou a falar. Disse que sempre ouviu muitas histórias minhas por lá no Nacional e de como eu mandei bem por lá. Disse que seu empresário estava mantendo contatos, que provavelmente voltará a Europa e de que sua estada no Nacional era uma passagem para se manter em forma até lá. Perguntei o lugar da Europa e ele me respondeu:
“Malta. Primeira divisão!”
Bem... Fiquei quieto e esperei pelo jogo. O sujeito começou a jogar. E era um tal de mão na cintura, gestos copiados, manias e, passes errados, chutes tortos, raciocínio lento... “Fake”, pensei. Mas vá lá...
De que futebol falamos?
Esqueçam, Pelé, Puskas, Didi, Garrincha, Zizinho e Ademir Da Guia. E também nem pensem em Pita, Zico, Falcão, Luizinho, Andrade, Platini, Maradona e Adílio. Vivemos hoje no país do Dunga, Julio Batista, Elano e... Marcinho Guerreiro, Betão, Gustavo Nery... A garotada já não sabe da realidade do Palmeiras, Santos, Sport, Bahia, Flamengo, sabem sim, do dia a dia do Manchester United, Milan, Liverpool e afins. Já não importa mais um jogador marcar a história de um clube, criar raízes, nada. O lance é jogar duas partidas boas, fazer três gols e ir embora para os euros da Itália, Alemanha e Espanha. Ou Malta...
Nessa nova ordem social, Renatinho tem lugar sim. Quem sabe se daqui uns dias ele não aparece num desses “tele-barracos” televisivos de domingo à noite, (Esses programas ditos de Esporte que mais parecem supermercados) falando da rodada e tudo mais? Vai saber. Por hora, lhes informo que o jogo acabou 3x0 para o Guaraciaba e nosso “craque” saiu no intervalo do primeiro tempo, reclamando de “um puxão na coxa...”
Pois é...
Após um sábado pra lá de Lou Reed, fui ressuscitado da cama, domingo de manhã pelos berros no portão de meu amigo Pedrinho.
Pedrinho...
É meu amigo de longa data. O conheci lá pelos idos de 1982 quando o Esquerdinha montou um time no Parque Novo Oratório que ficou conhecido como “A Máquina”. O E.C Nacional Das Nações, tinha no infantil uma equipe poderosa que foi campeã de absolutamente tudo que disputou, inclusive o afamado De Paula Esportes, que passava aos sábados na Tv Gazeta. Só não vencemos o DEFI (Departamento Estadual De Futebol Infantil) porque me lembro que numa decisão na Rua Javari, fomos escandalosamente garfados contra o Juventus e o gosto daquele 1x0 me é amargo até hoje. Aliás, quando eu comandava esse esquadrão, esse negócio de 1x0 era o placar típico dos covardes. Timinhos pífios que faziam um golzinho e depois se postavam os dez jogadores atrás da linha da bola. “Comandava”?? Pois é...
Eu era o camisa 10 daquele time. E naquele domingo, meu parceiro, amigo, meia direita de oficio, Pedrinho, me fez recordar daquela época.
Veio em casa e me chamou para ir ao campo do Nacional para assistir um jogo do time que luta pela 1º divisão da várzea de Santo André ou coisa que o valha. Acordei, joguei uma água na cara e fui para o distrital da Rua América do Sul. Chegando lá encontrei o pulguinha que está há uns 30 anos no clube. Veio logo brincando:
“Fala mascara...”
“ E aí Pulguinha... da um abraço aqui...” – Ele veio e disparou:
“Marcelo eu lembro que você era descarado. Se você soubesse quem usou aquela camisa 10 tua, você nem perto dela chegava...”
Pois é, Pulga. Acontece que nos 11 anos que eu fui dono dela, não apareceu ninguém para me tira-la. Então baixa a bola...”
E todos riram. Emoção. Olhando para aquele campo cuja grama ralada manifestava certo descaso, me lembrei de alguns dos melhores anos da minha vida. Pedrinho lembrava de partidas antológicas nossas e de como o bairro parava para ver aqueles meninos jogaram. Lembrou de um jogo contra o Ipiranga em que metemos um 7x0 nos caras pela decisão do Interligas, das batalhas campais contra o Santo André E.C, que era nosso freguês e vitima predileta e por aí vai. Falamos desses nossos feitos até a hora do jogo contra o Guaraciaba. Foi então que me apresentaram o “craque”.
“Marcelo esse é o Renatinho – Falou-me o Pulguinha – Agora é ele que veste a 10 aqui...”
Veio em minha direção. Garoto alto, 22 anos, bem criado, de chuteiras importadas nos pés, nariz empinado e gestos coreografados. Olhou-me com curiosidade e uma certa desconfiança. Deu-me a mão frouxa e começou a falar. Disse que sempre ouviu muitas histórias minhas por lá no Nacional e de como eu mandei bem por lá. Disse que seu empresário estava mantendo contatos, que provavelmente voltará a Europa e de que sua estada no Nacional era uma passagem para se manter em forma até lá. Perguntei o lugar da Europa e ele me respondeu:
“Malta. Primeira divisão!”
Bem... Fiquei quieto e esperei pelo jogo. O sujeito começou a jogar. E era um tal de mão na cintura, gestos copiados, manias e, passes errados, chutes tortos, raciocínio lento... “Fake”, pensei. Mas vá lá...
De que futebol falamos?
Esqueçam, Pelé, Puskas, Didi, Garrincha, Zizinho e Ademir Da Guia. E também nem pensem em Pita, Zico, Falcão, Luizinho, Andrade, Platini, Maradona e Adílio. Vivemos hoje no país do Dunga, Julio Batista, Elano e... Marcinho Guerreiro, Betão, Gustavo Nery... A garotada já não sabe da realidade do Palmeiras, Santos, Sport, Bahia, Flamengo, sabem sim, do dia a dia do Manchester United, Milan, Liverpool e afins. Já não importa mais um jogador marcar a história de um clube, criar raízes, nada. O lance é jogar duas partidas boas, fazer três gols e ir embora para os euros da Itália, Alemanha e Espanha. Ou Malta...
Nessa nova ordem social, Renatinho tem lugar sim. Quem sabe se daqui uns dias ele não aparece num desses “tele-barracos” televisivos de domingo à noite, (Esses programas ditos de Esporte que mais parecem supermercados) falando da rodada e tudo mais? Vai saber. Por hora, lhes informo que o jogo acabou 3x0 para o Guaraciaba e nosso “craque” saiu no intervalo do primeiro tempo, reclamando de “um puxão na coxa...”
Pois é...