Foto - Leandro de Villa
Na noite de sábado, decidi ir a
pé até o Cactus, em Santo André, onde haveria a pauta da vez...
No caminho até o bairro do Bangu,
durante os 30 minutos que andei entre minha casa e la, vi a noite ser nostálgica,
mantendo os ares da província que Santo André ainda é, e que a gente insiste em
refutar, em dizer não é mais assim. Todavia, as portas fechadas de todos os
comércios da rua oratório, mais o silêncio das casas e dos becos, se faziam por
afirmar:
Santo André, ainda tem sua porção
provinciana.
Mas não é de todo ruim...
O tempo das horas nas províncias é
mais lento, a bruma é erma e uma boa caminhada clareia bem o que se quer, o que
se pensa, o que se deseja.
Naquela noite, por exemplo, eu
queria ver uma banda de rock. E quando o Giant Jellyfish ligou seus
amplificadores para cometer o rock eu vi. Caras, eu vi uma banda de rock...
TEKA E OS MENINOS
ROQUEIROS...
Quando cheguei no Cactus fui
recebido pelo forte abraço e pela Heineken gelada do amigo Álvaro. Entre um
gole e outro Teka Almeida chegou.
Menina de rosto meigo, com jeito
de personagem de um livro do Herman Hesse, delicada e quase tímida, foi ela que
me ajudou a chamar os outros meninos que forma a Giant Jellyfish; Rafa Almeida,
Leandro de Villa e Tiba. Sentamos em uma mesa e batemos um papo pouco antes de
tudo começar.
Entre risos, um tanto tímidos, no
começo um pouco nervosos, eles me falaram de suas composições, a forma como
trabalham as músicas. Me contaram o quanto se divertiam com a banda, com o lance
de sair por ae a mostrar o trabalho e que estavam gostando muito disso.
Decidi não alongar muito a coisa.
Faltava pouco tempo para a o show começar e então os deixei a vontade. E quando
veio os primeiros riffs de “Repentant Dog” nada mais foi como
antes na noite Andreense.
A província acordou! O Giant
Jellyfish entrava em ação...
UMA CHICOTADA DE ROCK’S
NA NOITE ANDREENSE...
Esqueçam o rosto que era tão
somente meigo, que eu lhes falei!
Quando o jorro de riffs da
guitarra poderosa de Rafa Almeida, preenche todo o espaço possível, Teka inicia
uma performance de palco forte, poderosa, uma entidade xamânica a acompanha
enquanto ela desce a mão em seu teclado para abrir o show uma paulada sonora,
um hardão de fazer jus a Free, Hot Tuna e afins.
A banda abre o show para acabar
com tudo que se pretendia em se tratando de ermo e apenas sossegado...
O Giant Jellyfish sobe ao palco
para acabar com o sossego dos acomodados. Era a hora do rock rolar e não ia ser
pouco...
EM TRANSE...
“Choices” um folk com
ares de anos 90, ou, o folk rock possível para os anfetaminicos anos 90, um som
cheio de guitarra, microfonia, distorção e o diabo, é vociferado por Teka. Um
tempo em que todos os queixos caem, todos os drinks ficam suspensos.
Impossível não para ver os
garotos cometendo o rock.
A catárse segue. “Smokey Mary”, “Knifes Cutting
Edge”, “Emotional Rollercoaster”, “Dusting Dreams”, “Run Away Baby”, “Live Long
Enough”… Todas! Não da para pegar uma, ou duas, ou quarto músicas
para destacar. O show todo do Giant foi absurdo de bom!
Um transe pleno, comandado por
uma enxurrada de riffs em fúria de Rafa Almeida, slaps de Tiba e todo vigor da
bateria de Leandro de Villa... Os garotos encantaram toda a platéia que
esteve no Cactus no sábado à noite.
No final, meio que atordoado saí
sem me despedir da rapaziada, decidi fazer o mesmo caminho a pé pelos 30
minutos que me separavam da minha casa. E sem perceber, eu tinha um riso na
cara. Devo ele ao show do Giant Jellyfish.
Um puta Show!