29 de ago. de 2010

AMORES PAULISTANOS EXPRESSOS, POSSIVEIS, IMAGINÁVEIS OU... ASSOVIAVEIS

No caminho até o Metrô Consolação a encontrei. Linda!


Em meio à banca de jornal, drogaria são paulo, loja de conveniências, shopping e mais tantas outras fúteis conveniências classe-medianas que infestam a Av. Paulista, ela veio em minha direção de braços abertos, convidativa, sorriso lindo e cativante. Divina. Rosto lindo, adornado por olhos cujo brilho iluminava a noite paulista, colo perfeito, pele clara, beleza imponente e natural. Uma diva que parecia ter saído de um filme de Roger Vadin.

Convidou-me para tomar uma cerveja na Rua Augusta e eu, pobre e velho roqueiro de imediato aceitei agradecendo aos céus e aos infernos também pela sorte. Enquanto eu caminhava, ela desfilava. Porque quem anda são as mortais. Ela não pisava no mesmo chão que essas... Por ali flutuava, como uma ninfa venal. Pernas longas, andar refinado e muita classe para eu e minha pobre camisa do Lou Reed.

Falava-me da vida, de seus planos, de um poema em prosa meu que a levou as lagrimas e eu gargalhei. Disse-me para deixar de frescura e assumir de vez meu talento. Respondi que o único talento que tenho é causar alguns distúrbios sociais e mais alguns tremores carnais a uma ou outra que esbarro pela vida.

“Seu puto!”

Rimos juntos.

Como a Augusta estava lotada de outsider’s de plástico andamos até um porão improvisado, onde funcionava um bilhar, próximo ao Anhangabaú. Enquanto Muddy Waters gritava MANNISH BOY, pedimos a primeira cerveja e sentamos. Ela falava das minhas poesias, contos, textos sinopses... Abstraí-me de tudo e a contemplei.

Parecia-me um quadro renascentista. Beleza eterna, inatingível, soberana. Fumava desbragadamente seus Luck Strike, sorria, bebia com gosto e me passava uma alegria daquelas que se sente apenas nos momentos em que o sujeito se aproxima da sagração, que para uns é o prêmio acumulado da mega sena. Para mim é um sorriso sincero...

Durante quatro horas e meia bebemos baldes e baldes de cerveja. Ás 05:27h da manhã o dono do bar apodrecido de cansaço implorou para que fossemos embora. Fomos. Sugeriu-me um café com pão de queijo no Bar Estadão e gostei da idéia. Tomamos rápido e caminhamos até a Praça da República.

Lindamente bêbada, falava-me dos ipês, dos moradores de rua, de Pernambuco, dos passarinhos, do Paul Verlaine, do Eco Sistema todo e da necessidade de pegar um ônibus para o Cambucí Eu a acompanhei e a porra do ônibus chegou rapidinho. Na despedida, um forte abraço e um beijo carinhoso na minha face Basca. Perfume de ópio, daqueles que viciam. Lá se foi.

Caminhei até o Metrô República assobiando LISA SAYS e com vontade de fazer como no filme SUPERMAN, quando o tal super-herói inconformado com a morte de sua amada, vai a galáxia e roda o globo terrestre ao contrário para o tempo voltar e ele poder salva-la da morte inoportuna. Mas não sou super homem. Sou roqueiro e poeta. Por isso, caso estivesse no lugar dele faria diferente; Aceleraria a rotação da terra para quem sabe, vê-la mais uma vez no futuro? O metrô chegou na plataforma.

E em meio a esses pensamentos passei a assobiar Sweet Jane e a velhinha que estava sentada ao meu lado não conseguiu entender.









2 comentários:

Bira disse...

o mulet do lou reed é impagááááellllll... E o texto te compromete, o passado te condena! kkk

K. disse...

sensacional!!! Adorei e o comentário do Bira tbm. hahahah