Último trem. Meia-noite e cinco começo de madrugada, estação Brás.
As portas já estavam para se fechar quando ela, esbaforida, cambaleante conseguiu embarcar. Em seguida o trem partiu.
Naquele vagão além de mim que voltava do cinesesc onde eu fui um filme do Dusan Makavejev, havia uns moleques fazendo barulho e dividindo uma garrafa de alguma coisa, além de mais alguns trabalhadores e estudantes podres de cansaço creio eu.
Ela entrou correndo e sentou do meu lado.
Talvez por estar mais perto. Em seguida começou a abrir apostilas e fazer anotações nas mesmas com um lápis preto n. º 2 enquanto eu devorava Doistoeiviski pela “centésima vez”. Aí nas anotações estava escrito; “Pesquisar Luckacs”.Não agüentei.
Perguntei o que ela queria com o Luckacs e descobri que além de morena, linda, de olhos castanhos, corpinho tentador, sorriso largo e simpático ela, também queria ser socióloga. Eu respondi que queria ser menino e ela riu. Eu falei bem do Florestan Fernandes e do Max Weber e ela concordou . Disse que o The Who era do caralho e ela cantarolou “Magic Bus”. Então me apresentei basco e anarquista e ela quis me bater...
Chamou-me de pequeno burguês, mimado, playboy, filho de uma classe média decadente e eu respondi dizendo que ela tinha pintinhas lindas no rosto. Ela mandou eu ir me fuder e eu convidei; “Vamos juntos.”. E nós dois rimos dessa vez.
Quando chegamos em Santo André já não tinha ônibus para nenhum de nós irmos embora. Ela então me convidou para beber alguma coisa. Sugeri o “Enio’s” na área chique da cidade. Ela pegou minha jaqueta emprestada e decidiu que nós iríamos ao bar das putas que ficava em frente ao terminal rodoviário.
Tomamos todas!!
Falamos merda, discutimos política e ela disse que como ateu eu era um fracasso. Daí eu falei que em quase tudo eu era um “fracasso” e que além do mais ela tinha cara de vendedora da Daslú e ela enfureceu-se. Levantou e foi até a maquina de música e colocou um som do Tim Maia. Eu também fui e coloquei dezoito fichas para que nós pudéssemos ouvir “Live At BBC” do Led Zeppelin inteiro. Quando o cd acabou o dia clareou e nós já estávamos chapados. Pagamos a conta.
Na calçada ela devolveu a minha jaqueta, beijou minha boca, disse que me ligava e nós nos despedimos.
Agora, são oito e quarenta da manhã de quinta feira. As três da tarde tenho que entregar uma pesquisa chata e modorrenta. E em meio a livros, cd’s, dvd’s, notas, laptop e o caralho, tomei a decisão mais sábia possível; Recolhi umas moedas do fundo do bolso e fui até a padaria.
Voltei com oito pãezinhos e duzentos gramas de presunto cozido...
As portas já estavam para se fechar quando ela, esbaforida, cambaleante conseguiu embarcar. Em seguida o trem partiu.
Naquele vagão além de mim que voltava do cinesesc onde eu fui um filme do Dusan Makavejev, havia uns moleques fazendo barulho e dividindo uma garrafa de alguma coisa, além de mais alguns trabalhadores e estudantes podres de cansaço creio eu.
Ela entrou correndo e sentou do meu lado.
Talvez por estar mais perto. Em seguida começou a abrir apostilas e fazer anotações nas mesmas com um lápis preto n. º 2 enquanto eu devorava Doistoeiviski pela “centésima vez”. Aí nas anotações estava escrito; “Pesquisar Luckacs”.Não agüentei.
Perguntei o que ela queria com o Luckacs e descobri que além de morena, linda, de olhos castanhos, corpinho tentador, sorriso largo e simpático ela, também queria ser socióloga. Eu respondi que queria ser menino e ela riu. Eu falei bem do Florestan Fernandes e do Max Weber e ela concordou . Disse que o The Who era do caralho e ela cantarolou “Magic Bus”. Então me apresentei basco e anarquista e ela quis me bater...
Chamou-me de pequeno burguês, mimado, playboy, filho de uma classe média decadente e eu respondi dizendo que ela tinha pintinhas lindas no rosto. Ela mandou eu ir me fuder e eu convidei; “Vamos juntos.”. E nós dois rimos dessa vez.
Quando chegamos em Santo André já não tinha ônibus para nenhum de nós irmos embora. Ela então me convidou para beber alguma coisa. Sugeri o “Enio’s” na área chique da cidade. Ela pegou minha jaqueta emprestada e decidiu que nós iríamos ao bar das putas que ficava em frente ao terminal rodoviário.
Tomamos todas!!
Falamos merda, discutimos política e ela disse que como ateu eu era um fracasso. Daí eu falei que em quase tudo eu era um “fracasso” e que além do mais ela tinha cara de vendedora da Daslú e ela enfureceu-se. Levantou e foi até a maquina de música e colocou um som do Tim Maia. Eu também fui e coloquei dezoito fichas para que nós pudéssemos ouvir “Live At BBC” do Led Zeppelin inteiro. Quando o cd acabou o dia clareou e nós já estávamos chapados. Pagamos a conta.
Na calçada ela devolveu a minha jaqueta, beijou minha boca, disse que me ligava e nós nos despedimos.
Agora, são oito e quarenta da manhã de quinta feira. As três da tarde tenho que entregar uma pesquisa chata e modorrenta. E em meio a livros, cd’s, dvd’s, notas, laptop e o caralho, tomei a decisão mais sábia possível; Recolhi umas moedas do fundo do bolso e fui até a padaria.
Voltei com oito pãezinhos e duzentos gramas de presunto cozido...
Um comentário:
reconheci no outro a loucura toda e fui pro bar. (tbm)
Bão!
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