Havia sido uma típica adolescente dos anos 90. Até dividia um pouco do tempo que sobrava entre shoppings e eventuais investidas no hip hop que dominava a cena na metade daquela década. Mas como “Quem sai aos seus não degenera” (já ouviram essa besteira?) a pobre Valéria não fugiu a regra que a aguardava.
O pai era um pilantra, mulherengo, que foi cagueta e fura greve no início dos anos 80. Graças a ele milhares de pais de família perderam os seus empregos para nunca mais encontrá-los. Mas apesar disso ia para a missa todos os domingos e como ganhava bem ( Era um cagueta eficiente...) fazia generosas doações para a igreja do bairro. Portanto era um “Homem de Respeito”. Hipócrita do caralho!
A mãe era uma inútil. Feia, gorda, burra e preguiçosa, além de fazer vistas grossas para os milhares de chifres que o marido a colocava, fazia tudo que o filho da puta mandava ela fazer. Afinal, sempre teve uma vida boa; Não faltava comida, escola boa para os filhos, o carro ainda não era novo mas até que era muito bom e portanto, para o mundo dos canalhas que faziam parte de seu convívio social, isso estava mais do que bom.
Foi nesse ambiente que Valeria cresceu. Convencionalismos, omissões, traições, mentiras, ausência total de escrúpulos e nenhuma preocupação com caráter e honestidade.
Toda a hipocrisia e canalhice eram válidas para justificar o que realmente interessava; GRANA!
O negócio era ter dinheiro, “sucesso”, uma carreira que tivesse “futuro”, um “plano de metas” e mais um monte de baboseiras que o neoliberalismo globalizou nos anos 90. E como ela cresceu condicionada a seguir tal “objetivo de vida” e não para questionar nada, levou todos os “ensinamentos” ao pé da letra. Tal qual a mãe, fez o que lhe mandaram e após concluir os estudos primários e secundários de forma mecânica e robótica mas com “ótimas notas”, passou no vestibular que lhe mandaram prestar; Direito. O salafrário do pai queria que a filha fosse Juíza de Direito. Perguntar o que ela queria, o que desejava, nem sequer lhe passou pela cabeça. Ela passou. Não muito bem, mas o suficiente para ser aprovada e ingressar no curso.
Na faculdade nunca foi muito bem aceita, como sempre acontecera na sua vida. Sempre ouvia histórias de surubas dantescas em festas paradisíacas, narradas pelas outras garotas de seu curso. Histórias que com certeza provocariam um infarto fulminante na sua mãe caso a chifruda ouvisse. Já ela, tinha a vida mais imbecil possível também nesse aspecto. Namorava um idiota, imbecil, ogro, mais tacanho e burro do que ela. Com ele perdeu o cabaço. Não precisa nem dizer que foi uma merda...
E pra fuder com tudo, isso acabou causando nela uma puta aversão ao sexo. Detestava. E quando dava uma trepadinha, fazia de maneira mecânica e sem prazer como tudo que fazia em sua vida. Pior é que já namorava esse merda já fazia três anos. Foi o único que não a rejeitou e com certeza ela foi a única que não lhe deu um pé no rabo. Todas essas coisas mais o problema enorme que tinha para se comunicar e a inevitável caretice que era a sua vida a afastava de todas as pessoas. E tudo ficou pior quando se formou.
Quando caiu no mercado de trabalho percebeu no quanto havia sido prejudicada em sua criação e na sua educação. Não sabia absolutamente nada de nada. Nunca havia lido um livro que não fosse de auto-ajuda ou que lhe fosse imposto. Não tinha nenhuma informação cultural e percebeu que seria difícil que alguma coisa desse certo na sua vida. Então fez o que fazem todos aqueles profissionais liberais que não sabem de nada; Concurso Público! Tornou-se advogada do estado.
Num belo dia em que foi trabalhar flagrou o seu namorado saindo de um motel com uma puta às sete da manhã. Cansou-se. Também tinha conseguido a proeza de ter sido chifrada por aquele merda, um monte de vezes. Mas diferente da mãe resolveu dispensá-lo. Tinha apenas 23 anos de idade e percebeu que a sua vida estava uma merda. Mas o que fazer? Não foi preparada para isso. Só sabia obedecer aqueles que ela entendia que deveriam naturalmente mandar. Mas rapidamente ela se livrou desse “problema”.
Foi nesse momento que em sua vida apareceu o Dr. Aldo...
Um sujeito empertigado, pernóstico, de linguajar empolado, movido pelo idioma do “juridiquês”. Usava ternos de microfibra, gravatas baratas e sapatos mal lustrados, não por falta de dinheiro. Muito pelo contrário; Era o clássico advogado corrupto e sem escrúpulos que cresceu gastando o dinheiro do pai rico e nunca precisou lutar por nada na vida. Sempre teve tudo o que quis de forma fácil. Não havia porque não ter a Valéria...
Claro que os pais da Valeria amaram o sujeito. Era tosco, burro como uma porta mas nada disso importava porque... Bem o porque vocês já sabem. Então, três meses depois do jantar, ficaram noivos e sete meses depois do noivado já estavam casados. Bela festa. O melhor bufê, a melhor igreja os mais “importantes” como convidados e a lua de mel dada de presente pelo pai do noivo. Uma semana na aprazível Serra Gaúcha. E logo nessa lua de mel ela percebeu que a sua vida de “mulher honrada” não seria nada fácil...
O seu agora, “marido” já havia começado a beber na festa e terminou de apagar durante o vôo enchendo a cara no avião. Quando chegaram na suíte do hotel cinco estrelas na cidade de Canela o pinguço apagou. Caiu bêbado na cama feito uma vaca! E essa foi sua primeira noite de lua de mel.
O seu agora, “marido” já havia começado a beber na festa e terminou de apagar durante o vôo enchendo a cara no avião. Quando chegaram na suíte do hotel cinco estrelas na cidade de Canela o pinguço apagou. Caiu bêbado na cama feito uma vaca! E essa foi sua primeira noite de lua de mel.
Na segunda noite ele a procurou para consumar o ato do casamento. Horrível! Transava como um coelho; Rápido, desajeitado, com bafo de uísque e beijos sabor “fígado de ressaca”. Depois saiu e só voltou três dias depois sem dizer simplesmente nada. Já em São Paulo, descobriu endereços de mulheres e caixas de fósforo de motéis baratos e mais outros souvenires’s.
Desastre. Casou-se com 23 anos para tentar sair da mesmice em que estava afundada a sua vida e percebeu que o inferno estava apenas começando. Mas calou-se. Afinal havia ouvido da boca do padre que o “casamento era eterno e que só a morte poderia separá-los...” Se dissesse ao pai ele diria; “Isso é besteira. O que importa é a família” – Então se entregou de vez. Parou de trabalhar.
Disseram que seria melhor ela cuidar e administrar a casa. Ela como sempre, o fez. Quando ficou intrigada com o fato de não engravidar foi procurar ajuda médica e descobriu que tinha um problema em seu útero que a impediria de ter filhos. O maldito do marido sem a menor sensibilidade, a condenou por isso. O pai também. Sua mãe como sempre foi conivente e submissa e concordou com o que o marido adúltero mandou ela concordar. E depois disso, desse episódio ela virou uma samambaia.
Vegetava em casa. Ficava jogada no sofá à tarde assistindo televisão e se entupindo de Prozac e mais outros venenosos calmantes. Mas ela ainda tentaria mudar aquilo. E em um dia de inverno decidiu que não tomaria Prozac e nenhum outro tipo de comprimido. Resolveu tentar salvar seu casamento e para isso escolheu a data de aniversário do primeiro ano de seu casamento. Pegou o carro e foi até a Oscar Freire. Entrou em uma loja de lingerie, escolheu o mais fino e sexy espartilho de seda de cor vermelha. Depois foi a um salão de beleza onde além das mãos e dos pés, fez limpeza de pele, relaxamento facial, depilação, cortou os cabelos e deu a eles um tom alourado que ficou bem legal contrastando com os naturais que eram de cor castanho. Terminou com uma maquiagem arrumando os cílios, as sobrancelhas e então, seus olhos pretos surgiram brilhantes como há tempos não ficavam. Ficou linda.
Chegou em casa as oito da noite e ficou feliz ao constatar a eficiência do serviço contratado, do restaurante preferido dela. Intimista obviamente, mas bem discreto, simples. Nem por isso deixou de usar a sua melhor porcelana chinesa e sua melhor prataria para os talheres. No vinho não deixou por menos; Aceitou a sugestão do Somelier amigo do seu pai e pediu MONTRACHET. O stradivarius dos vinhos brancos. Vestiu o espartilho.
Olhou-se no espelho e viu que ainda estava bem inteirinha. Apesar da pouca altura, que era de pouco mais de um metro e sessenta e de uma eventual gordurinha aqui ou ali, seu corpo ainda estava durinho e com tudo no lugar. Lembrou-se que tinha 24 anos apenas e que ainda era bonita. E olhando para o espelho conseguiu sorrir. Só faltava o marido chegar.
Quando isso aconteceu já eram dez horas da noite. Ela correu para a sala de estar, jogou-se no sofá, deixou a casa à meia luz e fez a sua melhor pose. Então o marido abriu a porta e entrou como sempre, bêbado. De terno pendurado no braço, gravata torta e camisa por fora da calça, olhou para tudo aquilo e tascou:
- Que porra é essa? Ta pensando em abrir um puteiro? E que roupa é essa? Que pintura na cara... Ta pensando em ganhar uma grana na Augusta, Valéria?!
E soltou uma gargalhada que a dilacerou a alma. Saiu correndo. Trancou-se no banheiro e enquanto lavava o rosto para tirar a maquiagem, ouvia as altas gargalhadas do marido. Sentiu-se envergonhada e começou a chorar um choro doído. Desabou no chão do banheiro, abraçou a privada e altos brados chorava toda a desgraça que era a sua vida. Sentia que aquela vergonha perduraria por muito tempo. Pelo menos no segundo ano de casada ainda durava.
Era uma planta! Vivia se entupindo de remédios e dessa vez limitou-se realmente a “administrar a casa” que ficava no chiquérrimo Jardim Europa em São Paulo. Pagava os funcionários da casa, olhava os jardins do quintal se chapava de remédios e passava as tardes assistindo aos programas de fofoca. O marido não a tocava havia meses. E quando o telefone tocava ela atendia e repassava ao marido os recados das prováveis vagabundas que a chifrariam a noite. Estava morta!
Foi então que o encanamento da pia deu um problema...
Um intermitente vazamento que provocava um pinga-pinga irritante no sifão da pia a obrigou a chamar uma empresa especializada para resolver a questão. A disseram que em quarenta minutos chegaria um técnico. Ela aproveitou esse período para tomar um calmante e quando já estava quase pegando no sono o interfone tocou a acordando:
- Dona Valéria; É a empresa de encana...
-... Ta já sei. Manda entrar – Ordenou, interrompendo o porteiro.
Lembrou-se que havia dado folga ao Jardineiro e que já eram quatro da tarde e a empregada tinha ido embora. Teria que ela mesma atender o sujeito. Então tentou se enfiar dentro de uma calça jeans e percebeu que ela estava um tanto quanto apertada. O marido já havia dito que a bunda dela “estava enorme”. Exagero. Mas quando finalmente abotoou a calça sentiu que estava um pouco mais gorda sim. Já com a camisa não teve problemas porque essa, era dois números maior que o tamanho dela, o que era bem adequado já que ela se esqueceu de colocar o sutiã e campainha da porta já estava tocando. Ela abriu a porta e assustou-se.
Lembrou-se que havia dado folga ao Jardineiro e que já eram quatro da tarde e a empregada tinha ido embora. Teria que ela mesma atender o sujeito. Então tentou se enfiar dentro de uma calça jeans e percebeu que ela estava um tanto quanto apertada. O marido já havia dito que a bunda dela “estava enorme”. Exagero. Mas quando finalmente abotoou a calça sentiu que estava um pouco mais gorda sim. Já com a camisa não teve problemas porque essa, era dois números maior que o tamanho dela, o que era bem adequado já que ela se esqueceu de colocar o sutiã e campainha da porta já estava tocando. Ela abriu a porta e assustou-se.
]Deparou-se com um homem enorme. Parecia ter mais de um e noventa de altura. Era forte, tinha o peito largo, braços longos, mãos enormes, cabelos desgrenhados pretos, barba por fazer parecendo uma lixa lhe sujando a cara. Era meio molecão; Aparentava uns 28 anos no máximo. Vestia uma calça azul toda suja e a camisa de lona azul marinho de lona com o nome da empresa por fora da calça e com um maço de cigarros amassados no bolso da mesma:
- Francisco; Da TUPELO ENCANAMENTOS, senhora.
- Ah ta... vou te levar até o local onde está havendo o problema.
Quando se virou de lado para o encanador entrar teve nojo. Pensou; “Como é que deixam um funcionário trabalhar nessas condições...” – Ele então passou e ficou parado segurando a caixa de ferramentas aguardando para que ela o levasse até o lugar onde estava o problema.
- Siga-me, por favor.
Ele seguiu. Ela percebeu durante os 30 metros que separavam a entrada da casa até onde ficava a cozinha que o tal Francisco olhava para a suntuosidade da sua casa com o olhar daqueles que se preocupam com o pagamento da conta de luz, da conta do telefone dos cheques pré-datados que precisariam ser pagos no fim do mês. Aqueles, que bebem no bar fétido da rua de casa, a fiado. Olhava maravilhado para todas aquelas perfeitas réplicas de quadros de MATISSE, CHAGAL, VELASQUEZ, MONET, mesmo não entendendo bulhufas disso. Isso deu a ela uma certa sensação de superioridade pois ela só conhecia esse tipo de superioridade... Chegaram até a cozinha:
- O problema é no gabinete da pia...
Fez uma pausa; Nesse momento ela flagrou o encanador com olhos fixos na bunda dela. Aquela mesma que o marido bêbado e broxa, reclamava que estava gorda. Olhava de forma intensa, com vontade e com o desejo de mordê-la bem estampado na cara e ele não disfarçou, nem se constrangeu; Levantou a cara e a olhou nos olhos com firmeza. Ela completou a frase:
-...É... dentro do gabinete. Não sei o nome da coisa.
- Precisa não dona. Eu sei o que deve ser...
E abaixou-se para olhar dentro do gabinete. Ela viu então que seu corpo era em forma de um perfeito “V”, que a sua cintura era fina, que seus braços eram musculosos e que suas coxas era grossas, que o tênis Puma modelo “Suede” que usava estava furado no calcanhar... Saiu! Correu para o banheiro e pensou “O que diabos está acontecendo comigo”, mas antes da resposta decidiu sair e acabou se encontrando com o encanador perdido bem no meio do corredor:
- O que você quer? – Perguntou sem disfarçar a irritação:
- É que eu preciso fechar o registro da casa Dona. Vou ter que trocar o sifão. Será que a senhora tem alguém aí para me levar até lá?
“SENHORA!”
“SENHORA!”
Com 25 anos, sentiu-se ofendida por ser chamada de “Senhora” e “Dona”. Deixou isso claro no tom de voz da resposta;
- Olha eu não tenho a mínima idéia do que você está falando e no mais, você não disse que era técnico? Ou você não sabe o que faz?
Ele não afinou não:
- Olha, o meu serviço eu garanto. Só que eu não moro aqui e não sei onde é que fica o troço. Eu só perguntei pra senhora porque não encontrei ninguém aqui na casa...
- Ta bom! Chega; Eu mesma o levo até lá e acabo logo de uma vez com essa história. Eu procuro.
- Se tiver um porão deve ficar lá...
- Ótimo. Vamos logo...
Foram. A mansão tinha três andares acima do sótão. Era um trajeto maior. Durante o percurso lembrou-se de toda merda que fora a sua vida até aquele momento e quando chegou perto da escada que dava acesso até o sótão, flagrou o encanador olhando para a bunda dela novamente e com os olhos fulgurantes de desejo. Não falaram mais nada. Certos olhares dispensam redundantes palavras.
Ele deu um passo à frente e ela não recuou. O encanador abaixou o seu enorme corpo e a beijou com força e habilidade. Sua língua era furiosa! Voraz! Começou a gostar e a corresponder aos beijos. Ele desceu um degrau da escada para deixá-la em plano proporcional ao seu tamanho e continuou beijando-a em movimentos que foram ficando cada vez mais elétricos e ela respondia aos beijos se soltando cada vez mais; Mordia-lhe o enquanto ele retrucou com um chupão no pescoço. Depois a beijou na orelha e suavemente veio até o queixo, quando encheu as mãos na bunda da Valeria. Virou-a de costas para ele e agora atacou com as suas mãos enormes os seios dela e ela, rebolava a bunda contra o pau do cara, esfregando languidamente num sobe e desce delicioso. A coisa esquentou:
E ali mesmo no corredor ele desabotoou a calça dela e abriu o zíper; Em seguida, abaixou-se, tirou a calcinha dela e ela percebeu que a sua língua era muito mais habilidosa do que ela imaginara...
Nessa hora foram interrompidos por um barulho vindo da porta:
- Valeria! Valeria... O mulher inútil...
O encanador queria parar o que estava fazendo mas até a Valéria o impediu. Então o encanador abaixou e de joelhos levou aquela garota que era triste, as nuvens! Sentiu uma alegria e uma liberdade que nunca havia sentido antes em toda a sua vida. Olhando para aquele homem enorme ajoelhado a seus pés, vibrou e se deliciou com aquela língua prazerosa enquanto o tonto do marido bêbado ficava gritando e cambaleando pela sala. Descobriu que a vida no sótão é bem melhor do que nos “castelos”. e a partir daquele dia o seu marido nunca mais reclamou do tamanho de sua bunda e de quase mais nada.